As pedras dos reinos: o processo de tradução entre o romance e o cinema
As diversas formas de manifestações artísticas, por meio de sua disposição para expressar pensamentos e sensações, têm o poder de, constantemente, traçar um paralelo entre o real e o imaginário, onde as mais diversas experiências são representadas através deste plano “simbólico”. No que tange ao encontro da literatura com outros veículos de propagação da arte, pode-se perceber que novos paradigmas são estabelecidos. No caso da interação com o cinema, os aspectos estéticos são edificados a partir da leitura de uma realidade construída no texto literário, e, por consequência, em uma transfiguração deste cenário. A tradução intersemiótica surge, assim, como uma nova leitura, uma reinterpretação, tendo como ponto de partida uma vivência humana descrita a partir de outra perspectiva artística. Partindo desse pressuposto, torna-se relevante analisar aspectos de tal (re)leitura, tendo como base a tradução, realizada para o cinema, da obra literária “A pedra do reino”, de Ariano Suassuna. Analisar-se-ão neste breve comentário alguns aspectos referentes à apresentação do personagem, nas duas formas de arte apresentadas: a literatura e o cinema. A tradução intersemiótica é uma maneira de (re)criar a arte. Passado, presente, e futuro, portanto, interagem na construção dessa releitura. O processo tradutório extrai do que pode ser chamado de “passado” certa originalidade, ou seja, o suporte necessário que serve como alicerce para a construção do novo objeto artístico. E, além de ser influenciada por este passado, também o influencia (PLAZA, 2003), uma vez que uma nova construção realizada a partir de fonte anterior apresenta novos sentidos para a mesma, pois a tradução em si configura “outro” projeto, referente àquele que traduziu. É o tradutor que atribui seus próprios significados ao que pode ser chamado de “texto primeiro”. Sendo assim, o meio sociocultural da qual a tradução está inserida,