As Palvras das Imagens
RETRATOS DE PROFESSORES (SÉCULOS XIX-XX)
António Nóvoa
Universidade de Lisboa
O modelo de “ler textos”, que serviu de forma tão produtiva como metáfora principal das interpretações pós-objectivistas, está agora a ceder o lugar a modelos de espectáculo e de visualidade , que não é possível descrever apenas em termos linguísticos. A figuralidade resiste a dissipar-se sob a marca da discursividade; a imagem exige um modo único e próprio de análise (Jay, 1996, p.
3).
A reflexão sobre as imagens é muito vasta e, frequentemente, pouco consistente.
O visual, o iconográfico e o pictórico cruzam-se com a análise de imagens (gráficas, mentais, verbais, etc.), dando origem a aproximações simbólicas, metafóricas e conceptuais, numa amálgama que tende mais a confundir do que a esclarecer. Inspirado no trabalho de W.J.T. Mitchell (1986), procurarei compreender de que modo a
“civilização da imagem” está a mudar as nossas filosofias, até agora dependentes da
“galáxia Gutenberg”, isto é, da supremacia da tipografia e da comunicação escrita sobre a imagem mental ou icónica (pintada, desenhada, esculpida ou fotografada). Não esquecerei, no entanto, que esta mesma “civilização” revela uma grande desconfiança iconoclasta, que “destrói” as imagens ou que, pelo menos, as torna suspeitas (Durand,
1994, pp. 3-4).
Consciente da variedade de imagens que permeiam as nossas maneiras de pensar e de falar, concentrar-me-ei nos registos iconográficos. Abordarei o meu objecto como um
“analista”, interrogando-me sobre o papel que as imagens desempenharam na construção histórica da profissão docente. Não ignoro as dificuldades da tarefa. Muitas vezes, o trabalho sobre os aspectos visuais tende mais a alimentar um certo folclore académico do que a propor novos modos de interpretação e de conhecimento. Mas o desejo de ir à procura das palavras das imagens parece-me um gesto útil e necessário.
Hoje em dia, é importante ter consciência da