As diferentes realidades sociais
A Central do Brasil serviu de cenário para o filme, de mesmo nome, gravado em 1998.
A Central do Brasil abrange a região do circunvizinha da estação de trens da Central do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro.
No Século XIX a Central do Brasil era a estação que dava inicio a Estrada de Ferro Dom Pedro II, que se estendia até os estados de Minas Gerais e São Paulo. Durante o Século XX o transporte ferroviário de longa distância perdeu importância. Foram instalados, no decorrer dos tempos, diversos outros terminais voltados ao transporte de passageiros.
Com uma industrialização tardia foi inevitável uma urbanização caótica, onde poucos países, assim como o Brasil, sofreram tantas mudanças nos últimos trinta anos. A deficiência da reforma agrária, os problemas climáticos e as falsas promessas dos políticos em volta do milagre econômico dos anos 70 energizaram a migração interna no eixo norte-sul.
Estas falsas promessas se intensificaram criando nos nordestinos uma expectativa ilusória, formando uma massa migratória de nordestinos, que desde o início do século abandona o sertão em busca de melhores oportunidades na cidade. Sendo assim, o contingente de miseráveis nos centros urbanos aumentou, entregando-os ao tráfico e assalto, como alternativo para sobrevivência, pois passaram a ser vistos pela sociedade como descartáveis.
Sabemos que não existe mais a ilusão do milagre que resolveria, de um golpe só, os problemas estruturais brasileiros. Confronta-se, neste caso, a própria sociedade, o país real, tão distante do “país do real” (ilusão), aquele das estatísticas oficiais, que procurava mimetizar o modelo neoliberal e vender, mais uma vez, a ilusão de primeiro-mundo. Ao contrário do Brasil da indiferença e da impunidade, o filme parte à procura de outro país. Um país onde o humanismo, o afeto e a inocência talvez ainda sejam possíveis.
A história de Central