As cores da utopia
O filme, do diretor, professor e psicólogo Júlio de Oliveira Nascimento, tem 1h20 de duração. A obra trata da vida de Reginaldo Bonfim, que foi um artista plástico baiano que tinha esquizofrenia, reconhecido nacionalmente e internacionalmente, além de contribuir com a causa da luta antimanicomial.
Reginaldo Bonfim (Salvador, 1950 – 2007) pintava desde os cinco anos de idade e seu trabalho sempre chamou a atenção de todos, como relatado no filme o depoimento de conhecidos, familiares e amigos que moraram em Salvador e testemunharam sua trajetória de vida e seus trabalhos excepcionais. Ele se destacava pela sua habilidade de pintar com o que tivesse à mão. Era capaz de dominar com excelência as mais variadas técnicas e estilos, com um jeito único de misturar as cores, como é exemplificado no filme que apresenta em todo o seu repertório suas obras de arte. Reginaldo Bonfim foi então diagnosticado com esquizofrenia, passou a ser alvo que fortes críticas e resistência da sociedade, principalmente em Salvador. Seu comportamento de falar sozinho enquanto pintava era tido como “excêntrico”.
O documentário trás ainda amostras do acervo da cidade de salvador, lugares históricos, o povo, paisagens, monumentos e tudo isso vinculado a arte de Bonfim um pintor vigoroso, que tinha o hábito de pintar à noite (relatado pelo próprio Reginaldo como o horário do dia de maior inspiração), e com verdadeira devoção por um inseparável macacão, sua armadura.
O longa mostra o retrato de um Reginaldo que possuía um traçado livre, e uma liberdade Ímpar na sua pintura. Suas telas são um retrato fiel da história do Brasil, em especial sobre a questão social e a condição do negro. Engana-se quem se deixa levar pela esquizofrenia de Reginaldo Bonfim, mas é bom que se deixe, afinal é preciso ser louco para aventurar-se a pintar um Brasil com essas formas e cores.
Um fato abordado no documentário, é que os clientes de Reginaldo se aproveitavam de seus momentos de delírio