as cores da utopia resumo
O documentário amplia o conceito de loucura circunscrito, até então, pelo discurso proferido por pessoas ditas normais, apoiado por um segmento da psiquiatria arcaica e desumana. O filme promove a discussão que remete à Michel Foucault, acerca das forças que fabricaram a loucura e a perpetuam na forma como foi politicamente concebida. E relativiza esse conceito ao aplicá-lo, também, de maneira mais apropriada, à conduta irracional daqueles que, praticando as maiores atrocidades, conduzem a humanidade ao caos, mas, apesar disso, se julgam “normais” e no direito de excluir da convivência social seus semelhantes, movidos apenas pela intolerância à diferença. Daì o questionamento: o que é normalidade? Onde se situa a verdadeira patologia? Desta forma, o longa abrange também a loucura manifestada na prática do próprio sistema econômico, que, de forma cada vez mais irracional, fabrica armas de destruição em massa e destrói a sua própria fonte de vida, que é a natureza. Para mostrar essa loucura coletiva, o filme exibe imagens da explosão nuclear sobre Hiroshima, cedidas pela Associação das Vítimas da Bomba Atômica no Brasil, sediada em São Paulo e imagens da destruição do meio ambiente e as consequências do aquecimento global, cedidas pelo Greenpeace (resultado de antigas parcerias).
O documentário contribui para desmistificar a visão preconceituosa que desfigura a pessoa portadora de esquizofrenia representando-a como um ser agressivo, bizarro, irracional e inútil, escamoteando suas demais dimensões humanas positivas e produtivas. Com efeito, a sociedade desqualifica completamente a pessoa portadora de transtornos psíquicos, negando sentido à sua fala, às suas reivindicações, à sua criatividade e aos seus sonhos.