As Classes Sociais e o Corpo
Boltanski, Luc. As classes sociais e o corpo. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 2004, 3ª ed.
As classes sociais e o corpo
O livro trata da questão das práticas da medicina científica sobre ao corpo e em relação as classes sociais dos doentes. Através de pesquisa empírica feita entre 1967 e 1968 entrevistando cento e vinte e oito pessoas em diferentes áreas da França: Paris, subúrbio parisiense, Picardia e uma comunidade rural nos arredores de Vervins. Essa escolha na distribuição geográfica das entrevistas foi pensada para perceber as diferenças entre as respostas conforme o local de moradia das pessoas, o grau de urbanização, imigração e gerações de famílias.
As pessoas foram entrevistadas em casa e na maioria dos casos quem respondeu foi a “esposa do chefe de família (a quem é delegada em quase todos os lares, a função sanitária)”, foram feitas questões referentes à história sanitária da família, consumo de cuidados médicos e produtos farmacêuticos, atitudes em relação a médicos, hospitais, conhecimento médico, puericultura (estudos relacionados ao desenvolvimento infantil humano), higiene, medicina preventiva, a dietética, e fontes de informação médica. Profissionais como médicos, farmacêuticos, assistentes sociais, divulgadores e redatores médicos, também foram entrevistados. Os capítulos iniciais, antes de mostrar os resultados e a análise deles, o autor reserva para a compreensão de como a medicina se coloca como detentora de um conhecimento e de técnicas específicas que se impõe mais do que sobre a doença, mas sobre o próprio corpo que a carrega, sobre uma pessoa, diferente de outros conhecimentos que na maioria das vezes se insere sobre objetos, coisas, assim sendo ela precisa constantemente reafirmar a sua condição enquanto especialista, em detrimento de outros possíveis conhecimentos que possam existir.
Há vários estudos demonstrando que, há tempos os discursos médico-científicos tendem a