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Momento é favorável para a saúde privada se comunicar com a opinião pública e passar a ser percebida por suas qualidades, não pelas deficiências do SUS
Embora tenha garantido pela Constituição o acesso à saúde integral, universal e gratuita, o brasileiro indica estar disposto a abrir mão dessa facilidade em troca de um sistema que funcione. De acordo com pesquisa da Interfarma/Datafolha, 79,9% da população aponta a saúde como o principal problema do país. 56% classificam o SUS como ruim ou péssimo. E apesar de atribuir a situação à administração pública, a maioria já não concorda em continuar financiando a busca por uma solução estatal, que necessariamente tem que ser mais cara ano a ano.
Em fevereiro, perguntados se preferiam pagar menos impostos para contratar serviços particulares de saúde ou arcar com mais taxas para receber atendimento público melhor, 47% dos brasileiros escolheram a primeira alternativa contra 43% que optaram pela segunda.
É uma diferença pequena, mas simbólica. Indica o pragmatismo superando a ideologia que sempre foi o principal sustentáculo do SUS. Revela a oportunidade para uma discussão técnica – impedida até hoje por precaução política – na qual a conclusão, de acordo com muitos especialistas, é de que o sonho de “tudo de graça para todo mundo” não é possível e será necessário construir um sistema misto, com o privado complementando o público.
É verdade que esse sistema já existe na prática, mas até agora funcionou como uma espécie de arranjo paliativo até que o SUS fosse capaz de cumprir sua obrigação, o que, está indicado agora, o povo cansou de esperar que aconteça. Este é o momento de oficializar a relação e discutir bases para ela ser permanente e sustentável, na qual a saúde privada não seja somente “permitida” (como definido pela Constituição), mas encarada como uma ferramenta indispensável de bem estar para os cidadãos.
Para isso, porém, é necessário que a iniciativa privada