Artigo Fernanda
Marlúcia Nogueira
Na esteira das fermentadas discussões sobre o pós-moderno e a multiplicidade de fatores que o termo agrega, registra-se o acalorado debate acerca da influência dos valores pós-modernos na criação literária. Esta questão reveste-se de polêmica, uma vez que as diversas reflexões sobre os termos ‘pós-moderno’ e a ‘pós-modernidade’ têm sido alvo de posicionamentos os mais variados a respeito de sua aplicação. Dentre os estudos que se dedicam a elucidar o complexo fenômeno pós-moderno, há aqueles que, como Guattari, consideram a produção cultural contemporânea como uma submissão ao poder e ao status quo. Refletindo sobre o pensamento de Guattari, Teixeira Coelho que essa é uma “proposição simplista e apressada”, e indaga:
...quando a arte não esteve vinculada ao poder, ao dinheiro e status quo? Na Grécia, quando os aristocratas pagavam pelos templos? No Egito ainda mais antigo, com os faraós? Na Idade Média, quando o mosteiro sustentava a arte que havia, da pintura à literatura? Na Renascença, com os papas como fregueses absolutos? No barroco, sustentada pelos príncipes endinheirados? E quem pagou David, na Revolução Francesa? E o que seria dos pintores e escritores do século XIX se não fosse a burguesia? (1990, p. 159)
Suas indagações apontam se não para a total submissão da arte ao poder, para uma íntima relação entre a arte e o status de uma época. À parte esses questionamentos, neste trabalho pretendemos focalizar a representação literária contemporânea, discutindo sua provável “submissão” não ao poder político-econômico, mas ao “poder” do real pós-moderno, enquanto realidade histórica, status que se impõe ao texto literário. Assim, intentamos identificar possíveis concessões feitas pela mimèsis literária atual às estruturas sociais e aos valores instituídos pela chamada pós-modernidade. Os valores da arte enquanto representação são discutidos desde