Artigo Esquizofrenia
Aspectos neuropsicológicos da esquizofrenia Miguel A Adad, Rodrigo de Castro e Paulo Mattos
Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPUB)
Introdução
Pacientes esquizofrênicos demonstram alterações no desempenho em uma grande variedade de testes neuropsicológicos.
Estima-se que déficits cognitivos podem ser identificados em
40% a 60% dos indivíduos acometidos por essa condição psiquiátrica. Vários estudos clínicos sugerem que alterações cognitivas podem ser observadas desde o início dos sintomas da esquizofrenia. Essas alterações parecem ser características relativamente estáveis na maioria dos pacientes esquizofrênicos, com pequena progressão ao longo do curso da doença. Ainda assim, alguns autores defendem o argumento de que esses déficits cognitivos podem evoluir para um franco processo demencial, pelo menos em certos subgrupos de indivíduos acometidos por essa condição clínica.1
Ainda que haja pouca discordância em relação à existência dessas alterações em pacientes esquizofrênicos, não existe unanimidade em relação aos aspectos qualitativos e quantitativos desses déficits. Uma das principais dificuldades nesse sentido é determinada pela grande variabilidade de abordagens metodológicas e conceituais empregadas na investigação dessas alterações. Diferenças em relação à escolha dos grupos de amostragem, instrumentos de avaliação e interpretação dos resultados conduzem freqüentemente a conclusões conflitantes sobre esse assunto.
Alguns autores defendem o argumento de que as alterações do desempenho cognitivo observadas na esquizofrenia têm características compatíveis com um padrão de “déficit generalizado”, semelhante àquele observado em processos patológicos difusos do SNC (por exemplo, intoxicação por metais pesados, hipoxia cerebral). Esse tipo de argumentação baseia-se principalmente em determinados aspectos do funcionamento cognitivo de indivíduos afetados por essa condição clínica, como tendência à imprecisão,