Artigo avifauna
v. 12, n. 32, p. 25-42, dez. 1998
Conservação da biodiversidade em fragmentos florestais
Virgílio M. Viana
Leandro A. F. V. Pinheiro
ESALQ/USP
RESUMO: O desafio de conservar a biodiversidade regional em paisagens intensamente cultivadas tem como principal limitante o processo de degradação de fragmentos florestais.
Tamanho, forma, grau de isolamento, tipo de vizinhança e histórico de perturbações apresentam relações com fenômenos biológicos e, conseqüentemente, afetam a dinâmica dos fragmentos florestais. Isto se reflete no mosaico de eco-unidades que diferem entre si quanto à diversidade, mortalidade e natalidade de espécies arbóreas. A análise destes fatores e da estrutura e dinâmica de eco-unidades é fundamental para identificar estratégias conservacionistas e prioridades para a pesquisa. Os resultados indicam a necessidade de se manejar estes fragmentos e as paisagens em que estão inseridos, bem como desenvolver atividades de educação ambiental com a população local com relação à importância da cobertura florestal para o desenvolvimento sustentável. A eficácia do manejo depende da identificação dos fatores de degradação e de alternativas para minimizar o processo de degradação e recuperar a estrutura dos fragmentos florestais conservando assim a sua biodiversidade. A recupera ção qualitativa de paisagens visando a conservação da biodiversidade e a melhoria da qualidade de vida tem como elemento chave a utilização dos fragmentos florestais como
ilhas de biodiversidade e a interligação destes através de corredores e vizinhanças de alta porosidade. INTRODUÇÃO
A conservação da biodiversidade representa um dos maiores desafios deste final de século, em função do elevado nível de perturbações antrópicas dos ecossistemas naturais (tabela 1).
Uma das principais conseqüências dessas perturbações é a fragmentação de ecossistemas naturais.
Na Mata Atlântica, por exemplo, a maior parte dos remanescentes florestais,