Artes
A escravidão na África não foi mais branda e humanitária que o trabalho escravo exercido na América, porém começou bem antes da chegada dos europeus na África.
Durante muito tempo, acreditou-se na ideia de que a escravidão ocorrida na África fora mais branda e humanista se comparada à escravidão praticada na América até o século XIX. Muitos defendiam a tese de que o cativo era absorvido pelo povo que o capturava, caracterizando uma escravidão exclusivamente de cunho doméstico, mas, conforme veremos a escravidão na África não ocorria somente neste formato.
No presente texto, nosso principal objetivo é analisar a escravidão existente na África e comparar com a escravidão presente no Novo Mundo. No entanto, não podemos comparar a brutalidade da escravidão na África com a da escravidão na América. “Qual escravidão foi mais brutal com os escravos, a africana ou a americana?”. Essa pergunta não tem resposta, pois os parâmetros utilizados por cada forma de escravidão pautam-se na realidade social, política e cultural específica de cada continente.
A escravidão é o grande sustentáculo do processo de colonização do continente americano, a partir do século XVI. Longe de se ater a uma forma homogênea de relação de trabalho, a escravidão foi marcada pelas mais diferentes caracterizações ao longo do período colonial. No caso da colonização lusitana, a utilização de escravos sempre foi vista como a mais viável alternativa para que os dispendiosos empreendimentos de exploração tivessem a devida funcionalidade.
Inicialmente, os portugueses almejaram utilizar da força de trabalho dos nativos para que a exploração econômica fosse concretizada. No entanto, a mão de obra indígena foi refutada mediante a dificuldade de controle sobre populações que ofereciam maior resistência e também por despertar o interesse da Igreja em utilizá-los como novos convertidos ao cristianismo católico. Ainda assim, as regiões mais pobres, em que a força de trabalho era mais