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Filosofia é a ciência de todas as coisas por suas causas mais elevadas adquiridas à luz natural da razão. Entende-se por ciência, um conhecimento certo, estável, verdadeiro. A Filosofia busca o princípio de tudo investigando seus efeitos. É com os filósofos pré-socráticos que se inicia a Filosofia, pois eles sentem a necessidade de uma explicação racional dos acontecimentos do mundo e, não mais, uma explicação mitológica. A partir deste momento, tais filósofos passam a procurar o princípio de cada coisa, ou seja, sua Arkhé, explicando-as com a razão. Um desses filósofos é Anaximandro, que instaura o Apeíron (o infinito ou ilimitado) como princípio de todas as coisas. Pois para que algo seja princípio, é necessário que seja inato e imperecível, posto que, do contrário, teria que ser explicado o princípio do princípio, e este deixaria de ser princípio. Assim sendo, o divino de Anaximandro não nasce nem morre como no mito, mas o que constitui o divino é exatamente a eternidade: “Todas as coisas são ou princípio ou do princípio; e do infinito não há princípio, porque teria um limite. Ademais, como princípio, é ingênito e imperecível; pois o que é gerado deve ter um fim, e o fim é próprio de toda dissolução. Por isso, dizemos, dele não pode haver princípio, mas ele parece ser princípio das outras coisas, e parece envolvê-las todas e regê-las, como dizem todos aqueles que não põem outras causas além do infinito [...]. E o infinito aparece como divino, porque é imortal e indestrutível, como dizem Anaximandro e grande parte dos fisiólogos.”1

O Ápeiron, de Anaximandro, é princípio e realidade única, ingênito, indeterminado e origem de tudo. O Apeíron é a ordem do devir, mas seu movimento é caótico e é a causa de todas as coisas, pois estas são efeito do destacamento dos contrários: “A origem das coisas que existem é o Apeíron. De onde as coisas tiram o seu nascimento, aí se cumpre a sua dissolução segundo a necessidade; de fato,