Arte e percepção visual: um argumento psicológico
José Benjamim Picado
Abstract: O propósito deste texto é o de averiguar as implicações nominalistas de certos discursos sobre a gramaticalidade da representação: certas interpretações do argumento de E.H.Gombrich acerca da semelhança, em Arte e Ilusão, nos fazem descobrir algumas das reais implicações de seu suposto relativismo; a discussão levada a cabo na terceira parte de sua mais conhecida obra revolve um argumento, em última instância, psicológico, acerca do papel que a recepção tem na constituição de uma linguagem das semelhanças.
Meu especial propósito é o de apresentar alguns dos aspectos do debate acerca do iconismo, ao mesmo tempo em que empreendo-me criticamente sobre certos pressupostos do investimento teórico das semióticas acerca das relações entre arte e percepção: em especial, interessa-me arrecadar o argumento psicológico que subssume os discursos sobre a propriedade da semelhança nas artes visuais, assim como avaliar algumas das soluções que estão disponíveis neste mesmo ambiente teórico, e suas relações com assunções aproximadamente concernentes às teorias do signo. A discussão acerca da significação da arte é assumidamente um sintoma da admissão, que encontramos expressa entre muitos, d que nossa consciência acerca dos e caracteres e das propriedades do mundo circundante seja recursivas a uma estrutura prévia da inteligibilidade: em várias possíveis colorações teóricas, encontraremos a mesma assunção acerca do significado da arte como sendo a restituição de suas qualidades mais aparentes a alguma espécie de estrutura de mediações; sejam estas últimas de caráter linguístico, lógico, empírico ou fenomenológico, devemos destacar, em última análise, este primado da estrutura de uma experiência simbólica como demarcatório dos discursos sobre propriedades semânticas da arte. De fato, podemos assumir que o eventual interesse sobre uma abordagem semiótica do artístico nos compromete, de antemão,