Arte marginal

Arte e sociedade marginal O desenvolvimento da sociedade ao longo do século XX imprimiu novas perspectivas e demandas, novas necessidades e novos desafios. A sociedade pósmoderna aflorada no pós-guerra configurou uma noção de globalidade multifacetada, onde as facilidades no acesso à informação — proporcionadas pelo acentuado desenvolvimento das tecnologias de comunicação — possibilitaram à esfera local uma projeção mundial. A cultura agora, apesar de ser vivenciada localmente (em grande parte pelo menos), torna-se objeto de curiosidade e de experimentação, onde os territórios simbólicos tornam-se interseções entre signos e novas identidades afloram pelo hibridismo dos mesmos. O símbolo local torna-se disponível ao mundo. Em contrapartida, as diferenças sociais tornam-se exacerbadas, pois como vimos também ao longo do curso, o conceito de globalização veio acompanhado pela idéia de ampliação de mercados, configurando-se como um sistema capitalista transnacional. Isso acirrou a concentração de renda e as mazelas sociais (que já eram grandes) ficaram ainda mais expostas. Tal quadro joga uma boa parcela da sociedade para a marginalidade, sendo esta aqui entendida não em um sentido criminalístico (o que também acontece), mas em um sentido ideológico e sócioeconômico. Marginalidade é aqui entendida em seu significado mais amplo: pessoas à margem dos bens de consumo, dos bens culturais, sem acesso à educação, à saúde, ao capital, enfim, realmente periféricas a um sistema sócio-econômico e cultural pouco inclusivo. No Brasil, tal situação talvez tenha se configurado de maneira mais clara no final da década de 1980 e início dos anos 1990, onde a economia brasileira era solapada por uma hiper-inflação e por uma reconstrução sócio-política, ambas frutos dos longos anos de um regime militar ditatorial. No aspecto cultural, o regime militar teve por características um incentivo a um patriotismo ufanista, onde os signos nacionais eram aqueles de certa forma já gastos, oriundos