artaud
Porto, Inverno 2013.
Nota:
Instigada pela minha própria imagem secando os cabelos pensei no nome do objeto que eu portava: SECADOR.
O fato de eu estar em um periodo de melancolia aguçou a vontade de apontar o objeto a meu peito, em uma atitude conceitual, testar se aquele objeto cumpria seu nome, tentava de maneira involuntaria secar toda a dor que tranbordadava. Talvez se eu pudesse aquecer toda essa dor, nutrir... usar um AQUECEDOR, tranformar toda dor em poesia, talvez eu pudesse.
o processo de sofrimento pode ser visto muitas vezes como algo e somente prejudicial, um território infertil e perigoso, devido ao crescimento desrregulado da depressão (tido como a doença do século), as pessoas cada vez mais temem a dor, a melancolia, sentimentos estes nutridos por séculos nas classes artisticas como solo fertil, hoje é visto como territorio de “campo minado” perigoso e de dificil circulação, esse projeto é como o grito de Artaud para seu médico Rodez.
“Não quero que ninguém ignore meus gritos de dor, quero que eles sejam ouvidos.”
A série de fotografias dos objetos mencionados aqui são como os “sortilégios” de Artaud, (desenhos com escritas produzidos pelo poeta entre 1937 e 1939)
“as figuras que eu fazia eram sortilégios” que eu queimava com fosforo após tê-las meticulosamente desenhadas”
O objetivo de tais sortilégios para Artaud?
“Um exorcismo da maldição, uma vituperação corporal, contra as obrigações da forma, da perpectiva, do equilibrio.” Desenhos escritos com frases... a fim de precipita-los.
Bem como Artaud construia em desenho um universo e depois o queimava, a fim de exorcizar, pois tinha como verdade que a representação do rosto humano era como a morte, que o rosto humano possuia caracteristicas de morte, de dor, construo através da fotografia um universo a cerca da figura dor, construindo uma espécie de dramaturgia pessoal, onde conceitos inventados a partir de nomes, servem apenas como representação de vocábulos