Linguagem em antonin artaud
Artaud pretende um teatro que não se submeta a mera representação cênica, ou seja, um espaço onde o gesto ocupe o lugar da linguagem figurativa e liberte fazer cênico da tradição ocidental onde a cena é oriunda do texto. É justamente este problema de representação que leva o filósofo francês, Jacques Derrida, a abordar em sua obra “Escritura e Diferença” tal problemática artaudeana. Para isso lhe dedica dois capítulos desta obra “A Palavra soprada” e o “O Teatro da crueldade e fechamento da representação”. Em “A palavra soprada”, Derrida chama atenção para a indissociação na vida e na obra de Artaud, para ele o poeta está envolto a uma arte “ que não dá mais ocasião a para obras, a existência de um artista que não é mais a via ou a experiência que dão acesso a outra coisa além delas próprias”. A negação da obra em Artaud, é pautada pela busca de uma criação pura, de um teatro puro, sem a pretensão, ou até a repulsão de que tais manifestações se convergissem em obra, signos ou objetos. Segundo Derrida, isso nos leva a perceber no poeta uma repulsão destrutiva por parte do poeta a história da metafísica dualista, onde toda e qualquer inspiração leva a percorrer os caminhos da alma e do corpo, tal como palavra e existência, e conseqüentemente texto e corpo. O que leva Derrida a se referir a palavra enquanto sopro. Sopro, tem o significado aqui enquanto furto. Tal sentido é empregado referente à possibilidade de repetição, pois uma vez que a palavra é falada, no caso em questão usemos como referência o próprio espetáculo teatral, a palavra é oferecida, portanto é roubada. Ao mesmo tempo tem-se que pensar em sopro como “inspirada por uma outra voz”, pois enquanto furto a inspiração é a estrutura do teatro clássico, o ponto em que se estende entre o autor e o intérprete. Artaud, propõe então com o teatro da crueldade a abertura ao perigo e a explosão do furto. Em suas cartas a Jacques Riviére, o termo “impoder” é empregado com freqüência