A PERFORMATIVIDADE EM ARTAUD O “EVENTO” VIEUX-COLOMBIER

A performatividade em Artaud
O “evento” Vieux-Colombier

Por Maísy Freitas

Reinventar a linguagem, eis o desafio que moveu Artaud em direção ao teatro. “[Uma] linguagem concreta, destinada aos sentidos e independente da palavra” (Artaud. A encenação e a metafísica. In: O teatro e seu duplo. 2006, p. 36).

Em sua concepção acerca da arte, podemos observar que o teatro é uma extensão da vida, uma interação que ocorre entre teatro e vida, de maneira que um seja o duplo do outro. Experiência essa que o próprio Artaud desenvolveu ao longo de sua existência fazendo desta sua própria obra de arte. “Não concebo uma obra como separada da vida” (Artaud. In: VIRMAUX. Artaud e o teatro. 2000, p. 12).

Artaud se encontrava em meio a um contexto no qual o teatro europeu (que refletia o teatro ocidental da época) havia perdido, como ele mesmo disse: O riso e a seriedade. Era um período de transição, entre a década de 20 e a de 30, os palcos estavam cheios de realismos psicológicos... “o teatro tal como vemos aqui, dir-se-ia que a única coisa que importa na vida é saber se vamos trepar direito, se faremos a guerra ou se seremos suficientemente covardes para fazer a paz, como nos arranjamos com nossas pequenas angústias morais e se tomaremos consciência de nossos “complexos” (dito isso em linguagem erudita) ou se nossos “complexos” acabarão por nos sufocar” (Artaud. A encenação e a metafísica. In: O teatro e seu duplo. 2006, p. 41).

Diante deste quadro não é espantoso imaginar qual era a aceitação de suas idéias para o teatro, e sua inovação na linguagem.

Várias foram suas tentativas de desenvolver na prática o que ele havia teorizado, uma nova vertente para o teatro, que agia antes de tudo, com os sentidos.O Teatro da Crueldade.

Em 13 de janeiro de 1947, no Teatro Vieux-Colombier, cerca de quatrocentas a setecentas pessoas assistiam ao que posteriormente pode ser entendido como uma das mais vicerais apresentações do Teatro da Crueldade, vivida em cena