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IMAGEM PÓS-DITATORIAL EM HOTEL ATLÂNTICO DE JOÃO G. NOLL
Jardel Willame Rodrigues Gomes1
Maria Suely de Oliveira Lopes2
RESUMO
Este trabalho pretende fazer uma discussão sobre a obra Hotel Atlântico de João Gilberto Noll, observando passagens do texto que apontam para a relação da obra com o período em que foi escrita, logo após o fim da ditadura e anos iniciais do reestabelecimento da democracia no país. Palavras-chave: relações políticas, relações sociais, ditadura, democracia, literatura, sociedade.
1. INTRODUÇÃO
Literatura e sociedade são dois termos de intensa relação comensal. Constituem sim uma unidade composta de elementos que funcionam numa compensação recíproca. A literatura pode representar os aspectos da realidade, mais especificamente, as relações do homem, enquanto ser social. Como enfatiza Antônio Cândido (2006, p. 14), “[...] o externo (no caso, o social) importa [...] como elemento que desempenha um certo papel na constituição da estrutura, tornando-se, portanto, interno”. A estrutura a que ele se refere é a obra literária. Dessa forma entendemos que, durante a concretização da produção da escritura, o veículo desta, que é o autor, ao procurar representar a realidade que o cerca, acaba por fazer dos fatores sociais um dos elementos, ou pelo menos, um dos fatores de construção do seu texto.
Tomando as relações políticas como relações sociais, podemos, então, considerar também a existência de uma relação literatura-política nas obras literárias. Em Hotel Atlântico de João Gilberto Noll, muitas são as relações políticas presentes no enredo. Relações políticas aqui não devem ser entendidas apenas como aquelas decorrentes do pensamento social geral que constituem tão somente a correlação entre um ser dito superior e um dito inferior e suas consequentes ações de afirmação enquanto tais. Ou seja, a política não está só no voto, no discurso de um candidato à presidência da república ou ao cargo de prefeito etc. O homem político não é só aquele que