Arquitetura da Felicidade
BOTTON, Alain de. A Arquitetura da Felicidade. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.
Parecemos divididos entre a necessidade de atropelar nossos sentidos e nos adaptar anestesiados aos nossos ambientes e o impulso contraditório de reconhecer o quanto nossas identidades estão indelevelmente associadas ao lugar onde vivemos, e junto com eles se transformarão. Um quarto feio pode coagular vagas desconfianças quanto ao que está faltando na vida, enquanto outro ensolarado, revestido com pedras calcárias cor de mel, é capaz de dar sustentação às nossas maiores esperanças.
A premissa para se acreditar na importância da arquitetura é a noção de que somos, queiramos ou não, pessoas diferentes em lugares diferentes ʹ e a convicção de que cabe à arquitetura deixar bem claro para nós quem idealmente poderíamos ser. ( BOTTON: 12-13, 2007)
Às vezes ficamos ansiosos para exaltar a influência daquilo que nos cerca.
Mas sensibilidade à arquitetura tem também seus aspectos mais problemáticos. Se um único aposento é capaz de alterar o que sentimos, se a nossa felicidade pode depender da cor das paredes ou do formato de uma porta, o que acontecerá conosco na maioria dos lugares que somos forçados a olhar e habitar? O que vamos sentir numa casa com janelas que parecem as de uma prisão, carpete manchado e cortinas de plástico?
É para impedir a possibilidade de angústia permanente que podemos ser levados a fechar nossos olhos para quase tudo que nos cerca pois nunca estamos longe de manchas de umidade e tetos rachados, cidades despedaçadas e estaleiros enferrujados. pessoas mais fascinadas pela beleza podem ter uma consciência muito aguda da sua enfermidade, e se entristecer com isso.
a arquitetura causa perplexidade também pela inconsciência da sua capacidade de gerar a felicidade que a torna atraente para nós. Enquanto um prédio bonito pode ocasionalmente exaltar um estado de espírito em ascenção, haverá momentos em que o local mais agradável do