Arquitetos do poder
Esforçando-se para entrevistar representantes de todas as principais vertentes ideológicas do cenário político atual e também os profissionais de todos os lados do processo, de jornalistas a marqueteiros, o filme traz depoimentos surpreendentemente francos de figuras como José Genoíno, César Maia, Ciro Gomes, Pedro Simon, Duda Mendonça, Cláudio Humberto Rosa e Silva (ex-porta-voz de Collor e que, pasmem, oferece alguns dos melhores insights do longa), Ronald de Carvalho (editor de política da Globo na época da primeira eleição direta), Carlos Henrique Schroder (atual diretor geral de jornalismo da emissora) e Paulo de Tarso (ex-marqueteiro de Lula e atual de Marina), entre outros – incluindo o atual responsável pela campanha de Serra.
Ambicioso ao decidir abordar a lógica das campanhas políticas desde a década de 60, quando Jânio Quadros popularizou o bordão da “vassourinha”, Arquitetos do Poder passa de maneira didática pelas décadas seguintes até se debruçar sobre as eleições de 1989, quando, então, expõe o interesse óbvio de grandes setores da mídia em derrubar Leonel Brizola, que encaravam (movidos pelos interesses das empresas-anunciantes) como a grande ameaça ao capitalismo brasileiro. Sem condições de elevar Mário Covas, o escolhido da elite de então (como expõe o próprio Carvalho, que estava no centro de tudo), a imprensa logo adotou Fernando Collor como o único com apoio popular suficiente para derrotar Brizola e, no segundo turno, Lula – e ninguém menos do que Cláudio Humberto revela as maquinações por trás das pautas