Arquitecta
ANDREIA SANTANA MARGARIDO
ARQUITECTURA PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA | JULHO 2010 | PROF. DOUTOR JORGE FIGUEIRA
DOUTORAMENTO EM CULTURA URBANA E ARQUITECTONICA | DEPARTAMENTEO DE ARQUITECTURA DA FCTUC
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“Sem se terem feito anunciar, pouco a pouco, os arquitectos foram chegando a Macau. Ontem um, amanhã outro, são hoje mais do que trinta.”1 Imaginar Macau, pensar Manuel Vicente…Partimos com um certo desconforto provocado pelo desconhecido, desconforto que se transforma em entusiasmo num movimento de descoberta de uma cidade, onde nunca se esteve, e de um arquitecto do qual poucas referências existem.
“Parece que Palladio lamentava que os palácios de Vicenza fossem de estuque e não de mármore. Eu não lamento. Não me interessa nada essa questão. Tanto me faz. O que eu procuro é um ponto de ruptura poética de cada material, seja ele qual for. Na minha casa em Macau há um hall de contraplacado; um dia foi pintado de um encarnado cor de vinho. Saiu a criada da cozinha e disse assim: Eh! Parece um palácio!”2
Este testemunho de Manuel Vicente condensa, em jeito quase poético, algumas das características que o distinguem enquanto arquitecto. Todas as linhas redigidas no presente trabalho serão uma tentativa de interpretar estas palavras, encarando-as como um verso que retrata a sua obra. Como bom contador de histórias, não é difícil encontrar frases episódicas que, de uma forma mais delgada ou proeminente, vão revelando, sem grandes artifícios linguísticos, o arquitecto apaixonado; o amante de cidades, de agitação, de transformação, de comunicação e, claro, de histórias. Acusando a lacuna bibliográfica sobre Manuel Vicente3, este texto vai-se construindo a partir de recortes de jornal, de folhas de revistas, de prefácios a outros autores, de entrevistas “emprestadas” ou conferências fragmentadas em vídeos de youtube.
Assim resulta um ensaio que pretende construir uma narrativa congruente ainda que