Arqueologia da violência: a guerra nas sociedades primitivas
Caio Rocha1
Afonso Carlos P. Lima2
Arqueologia da Violência: A Guerra nas sociedades Primitivas
Caio Rocha1
Afonso Carlos P. Lima2
CLASTRES, Pierre. Arqueologia da Violência - pesquisas de antropologia política. Ed. Cosac & Naify, Edição brasileira de 2004. Cap. 11, p. 158 – 187.
Capítulo11:
A violência se apresenta nesse capítulo, mas seu destaque é a guerra. “Evoca-se a violência, mas, sobretudo para mostrar o horror que ela inspira às sociedades primitivas, para estabelecer que elas são, no final das contas, sociedades contra a violência.” Esse dizer, remete principalmente a violência individual, já a guerra se caracteriza como violência coletiva, guerra primitiva, é parte integrante da sociedade primitiva. O mundo dos selvagens era literalmente impensável para o pensamento europeu, a necessidade de Autoridades, ou seja, sociedade sob o signo de sua divisão em Senhores e Súditos, inexiste na sociedade primitiva. “Gente sem fé, sem lei, sem rei” (selvagem). “Os povos primitivos são sempre apresentados como paixonadamente dados à guerra.” “As sociedades primitivas são sociedades violentas, seu ser é um ser-para-a-guerra.” Os selvagens são julgados inevitavelmente pelos europeus, visto que, pela necessidade da violência para a sobrevivência, agem de formar agressiva ao partirem para caça do mesmo modo que partem para a guerra como se caçasse humanos. “A ausência de estado permite a generalização da guerra e torna impossível a instituição da sociedade”. Nenhuma sociedade primitiva escapa da violência, até porque a violência é necessária quando se pensa em sobrevivência, quando é necessária a caça. Mas com a contemporaneidade é cada vez mais raro achar uma comunidade que nunca tenha tido um contato com uma civilização ou com resquícios dela. Há também, “adesão a um tipo de discurso sociológico que tende a excluir a guerra do campo das relações sociais na sociedade primitiva.”