Aristóteles e a teoria do silogismo dialético
“Filosofar é descartar argumentações erradas” (Wittgenstein)
1. INTRODUÇÃO
O presente texto tem por objetivo apresentar os principais argumentos empregados por Aristóteles na construção da Teoria do Silogismo Dialético que pode ser entendida como um “estudo de uma técnica geral de argumentação”, segundo Oswaldo Porchat Pereira (2000, p. 357), cuja finalidade é estabelecer critérios consistentes para criação de horizontes de entendimento, espaços de diálogo nos quais a verdade ou a falsidade não sejam obtidas apenas por mera convenção.
Como técnica geral de argumentação, a Dialética apresentada no Órganon tem por objetivo primordial verificar a consistência interna de um conjunto de crenças reputadas como válidas (endoxa) (ANGIONI, 2000, p.65), sendo isso realizado por intermédio de regras a serem utilizadas por aqueles que usam a linguagem como meio de atribuir uma significação ao mundo – regras lógico-semânticas, sem as quais não poderíamos jamais descrever o mundo e nos comunicar de maneira consistente e eficaz (ANGIONI, 2000, p. 66) –, utilizando as asserções como elemento fundamental na construção interpessoal de sentido, já que estas podem ser entendidas como aquilo que porta sentido, que pretende dizer algo (sobre a verdade ou a falsidade), acerca de fatos do mundo (pragma) (ANGIONI, 2000, p.98-107).
A construção da Teoria do Silogismo Dialético apoia-se nas diversas “teorias da linguagem” existentes à época, principalmente aquelas formuladas a partir das ideias de Parmênides, Heráclito, Demócrito, dos Sofistas, que já haviam sido enunciadas e analisadas em alguns diálogos platônicos, e busca distinguir-se dessas, estabelecendo novas bases para o Discurso e uma visão mais sistemática dos processos de inferência, dos atos de fala declarativos. Nesse sentido, suas obras De Interpretatione e Tópicos são de fundamental importância.
Para atingir o objetivo proposto para este texto, entendemos necessário,