Aristóteles: honra e virtude
Honra e virtude. Estas duas palavras permeiam todo o discurso aristotélico expresso no Tratado da Política que, escrito alguns séculos antes de Cristo, ressaltava a importância da classe média no equilíbrio de um governo, chamado de depravado o Estado que pendia a noção da meia medida. Esclarecia também a importância de um Juizado de pequenas causas ao se referir às atribuições do Poder Judiciário; lançava os rudimentos da Teoria dos Sistemas comparando a composição do Estado à do corpo de um animal e, politicamente, afirmava que a melhor forma de governo é a que convém a cada povo, conveniência esta baseada no objetivo da felicidade geral.
Partindo da idéia do primeiro agrupamento humano que, do somatório de casas deu origem às aldeias e estas à cidade, Aristóteles define o Estado como a universidade dos cidadãos que assim se reúnem para bem viver em conjunto. Para ele, o cidadão não é o mesmo em todas as formas de governo, mas, basicamente, considera nesta categoria todos os que participam do poder político e das honrarias, sendo-lhe vedado prostituir-se com intrigas. E no contexto atual o ver que precede a palavra “intrigas”, bem se aplica no cotidiano político nacional, em especial em ano de eleição.
Diferenciando o homem livre do escravo, a figura do bom cidadão, que se caracteriza pelo talento tanto de mandar quanto de obedecer, tem os méritos de cada um dos papéis sociais realçados. A prudência como qualidade do mandatário e a confiança/docilidade como valor de quem está predestinado a obedecer, são claramente definidos. É exatamente neste momento em que o leitor se pergunta por que cabe a um determinar e a outro acatar, que o autor tece suas considerações sobre a Teoria da Liderança, calcada na honra e na virtude. Defensor da educação pública gratuita, da eutanásia e do serviço militar, Aristóteles considera que a virtude provém de três variáveis básicas: natureza, hábito e