Aquém e além dos pontos fixos da fé
Laboratório do Núcleo de Antropologia Urbana – NAU/USP
Aquém e além dos pontos fixos da fé
Universidade Federal de Sergipe – UFS
Núcleo de Pós-Graduação e Pesquisa em Antropologia – NPPA
Cláudio Gomes da Silva Júnior cgsjunior.cso@gmail.com Resumo:
Em meio a tantas transformações e ressignificações existentes no Brasil quando nos referimos à religião, tratando especificamente de uma análise sobre o sincretismo religioso que funde bases e princípios cristãos católicos ao africanismo praticado e assentado em seu modo brasileiro de se produzir a fé de origem escravista, a Lavagem do Senhor Bonfim nos permite explorar elementos e descrever sua maneira peculiar de ser, enquanto ritual secular. Realizada na cidade de Salvador desde 1745, o ritual atrai adeptos, fiéis, turistas e pesquisadores, unificando um público vasto e agregador de valores religiosos e simbólicos que a cada ano reproduzem a ação do cortejo e dos festejos ao santo protetor dos caminheiros de tradição. Ao longo do cortejo do Bonfim são observados elementos, símbolos e comportamentos que desde seu ponto de partida, na Cidade Baixa até a Basílica localizada na Colina Sagrada, se interconectam e dão ordem e sentido a análise de sua totalidade. Um ritual que pode ser descrito a partir da adoção de conceitos e teorias que nos permitem apontar elementos, como no caso da tradição e da devoção ao santo milagreiro, das bênçãos e oferendas dedicadas ao Orixá da criação, e não menos importante, da relação festiva dos muitos acompanhantes e turistas que agregam o sagrado ao profano.
Palavras-Chave: passagem, ritual, símbolos.
A referida pesquisa tem como base o trabalho etnográfico desenvolvido sobre o cortejo do Senhor do Bonfim, realizado no dia 12 de janeiro de 2012 na cidade de
Salvador, na Bahia, um ritual que faz parte do calendário litúrgico das casas de culto afro-brasileiras e do calendário cultural do Estado.