Aprendizes do Poder
A criação e fundação dos cursos jurídicos no Brasil, na primeira metade do século XIX, foi um processo demorado e gerou muitas discussões política. Tanto a criação da Academia Jurídica de São Paulo, quanto a de Olinda tiveram suas raízes ligadas ao processo de independência, de forma que se tornava necessária uma ampliação do quadro político e administrativo legal, uma rearticulação das alianças existentes entre os grupos sociais e uma viabilização da construção de uma cultura jurídica nacional.
A academia foi o caminho para aqueles bacharéis que desejavam seguir a carreira política, de modo que o bom funcionamento da Academia contribuía para a formação de uma intelligentsia nacional que suprisse as urgências do Brasil pós-independente. Diante desse quadro, o Estado brasileiro ergueu-se como um Estado de magistrados, e o papel do bacharel em Direito o colocava entre interesses da elite local e alguns interesses das camadas populares.
O autor destaca outra questão importante que diz respeito aos debates a cerca da localização das universidades, debates esses impregnados de regionalismo, principalmente quando se leva em consideração que a implantação do curso criaria uma elite intelectual em uma região enquanto as outras ficariam em segundo plano. A respeito dessas discussões Adorno destaca alguns posicionamentos, entre eles o de Montezuma que defendia a implantação da Academia na Bahia e para tal utilizou argumentos a respeito da posição geográfica. Em contraposição ao pronunciamento de Montezuma e favorável à implantação em São Paulo, Andrada Machado classificou a Bahia com termos pejorativos e declarou que nunca escolheria a Bahia para tal. Entre os