aprender mais
O desafio do ensaio jornalístico na graduação
Daniella de Almeida Santos e Eliane Freire de Oliveira1
1. Ensaio: uma questão de gênero
Antes de qualquer consideração a respeito do tema deste artigo, que se originou de um trabalho solicitado na aula de Redação
Jornalística, é pertinente que se esclareçam alguns conceitos que norteiam o conhecimento do gênero ensaio.
Primeiramente, é fundamental que se conheça a sua estrutura, ou seja, os elementos que permitem configurá-lo como tal. De acordo com Luiz Beltrão, em Jornalismo
Opinativo (1980), o ensaio possui uma estrutura bastante semelhante à do artigo, motivo pelo qual muitas vezes se confundem esses dois gêneros jornalísticos. Numa definição bastante minimalista, adotada pelo próprio autor, o ensaio pode ser considerado um artigo longo, e o artigo, por sua vez, um ensaio curto.
Obviamente que isso não diz tudo o que há para se dizer sobre esse gênero tão complexo, mas fornece uma informação elementar sobre sua estrutura: trata-se de um texto dissertativo. Enquanto texto essencialmente argumentativo, o valor da argumentação assume papel decisivo na estruturação.
Ao contrário do artigo, em que a argumentação baseia-se no próprio conhecimento e sensibilidade do articulista (Beltrão, 1980), a argumentação do ensaio apóia-se em fontes que se legitimam pela sua credibilidade documental, permitindo a confirmação das idéias defendidas pelo autor, fato que naturalmente requer, por parte do redator, não só domínio de linguagem no que se refere à coerência e clareza de idéias, mas também um conhecimento erudito bastante desenvolvido para que se possa cumprir a exigência da fundamentação teórica.
Ao primeiro atribuem-se julgamentos mais ou menos provisórios, porque escrito enquanto os fatos ainda estão se configurando; já o segundo apresenta pontos de vista mais definitivos, alicerçados com solidez,
porque tem compreensão mais abrangente do fato e pretende