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Título da obra: “A Ignorância”.
Autor: Milan Kundera.
Mais um livro, do escritor checo, a causar grande impacto com a sua variedade e genialidade de escrita. A representação de ideais prevalece, aprofundado a história retratada num mundo de filosofia e de psicologia.
Estamos presentes de uma obra de compreensão difícil, com um intelecto dotado, mas de grande interesse.
Kundera apresenta os seus temas através de um paralelismo entre as histórias de Irena e Josef. Casal checo que foi forçado ao exílio, vivendo 20 anos em Paris. Esta construção dicotómica é uma característica de sua escrita e através desta forma o autor expõe ideias de difícil compreensão.
Temos a presença de exploração do psicológico humano com a tentativa de explicar e justificar certas atitudes e pensamentos tomados que, ordinariamente, não são compreendidas.
“Ignorância é, pois, a irmã siamesa da saudade, ambas filhas da nostalgia”. Milan Kundera enumera uma dezena de palavras em variadas línguas, como añoranza (espanhol), saudade (português), heimweh (alemão), stesk (checo), palavras estas que representam a tentativa de fornecer um sentido a este sentimento incompreendido de nostalgia.
O sentido etimológico desta palavra é: ”as saudades que o exilado sente de sua pátria”. Arrasta ainda para a sua exposição a frase mais bonita checa: “sinto nostalgia de ti” – sendo intulerável a dor causada por essa ausência. Esta ideia remete, então, para ignorância. No sentido em que se sofre por não ter conhecimento do que ocorre com o que é “perdido”.
A intelegência desta obra vai ainda à obra fundadora da literatura ocidental – “A Odisseia”. O autor faz uma comparação dos sentimentos vividos por Irena ao voltar a Praga (cidade natal) com o vazio que Ulisses sente ao voltar a casa. Sendo que esses 20 anos mudaram e moldaram as identidades de cada um, mas ninguém apresenta interesse pelos acontecimentos vividos. Vale a pena oferecer um pouco de tempo para a leitura desta obra tão infíma e