aplicação terapeutica do uso da maconha
Drauzio – Os grandes usos médicos da maconha são inibir o vômito na quimioterapia, reduzir a pressão intraocular nos casos de glaucoma e melhorar o apetite de doentes com AIDS em estágio avançado. Com exceção da esclerose múltipla, para todas essas outras situações existem drogas muito melhores do que a maconha, mais potentes e com eficácia comprovada. Você não acha que esse uso medicinal amplo exige um conjunto de informações que ainda não dominamos completamente?
Elisaldo Carlini – Na verdade, existem drogas mais modernas e mais ativas para serem indicadas nesses casos. No entanto, sabemos que não há medicamento eficaz em 100% dos pacientes. Mesmo a morfina não consegue produzir analgesia suficiente em todos os quadros dolorosos. Considerando que, no controle da náusea e do vômito resultante da quimioterapia, o efeito da maconha é digno de nota, não faz sentido restringir seu uso na parcela da população com câncer que poderia beneficiar-se dela quando não responde satisfatoriamente às outras drogas.
O efeito da maconha está também descrito e comprovado em relação ao aumento do apetite dos pacientes caquéticos com AIDS e câncer. Aliás, o poder orexígeno da maconha é inquestionável. Ela realmente desperta o apetite.
No que se refere à esclerose múltipla, trabalho patrocinado por dois grandes laboratórios e recém terminado na Inglaterra descreve o bom resultado da indicação da maconha, ministrada por via nasal, isto é, por inalação de dois ou três de seus componentes, no alívio das dores espásticas e neuropáticas.
Isso confirma as observações do passado e abre novas perspectivas. A Holanda, por exemplo, já comunicou à ONU que está admitindo a plantação de maconha para fins comerciais e terapêuticos em fazendas monitoradas pelo governo, uma vez que doze mil pessoas dependem dela para tratamento médico e que o país pretende exportar o cigarro no futuro. A propósito, gostaria de citar que, em 1905, a Gazeta Médica de São Paulo