Apatia política
1.2. A apatia política
Num mundo globalizado, em que as decisões econômicas alteram os planejamentos estatais no âmbito mundial, os cidadãos sentem-se longe do centro das decisões gerando esvaziamento do poder local, tornando-os meros consumidores. Alain Touraine fala sobre como a globalização, ao esmagar a diversidade cultural e as experiências pessoais vem colocando em risco a democracia. Esta faria as instituições trabalharem para a liberdade e responsabilidade pessoais, mas com a padronização e massificação do sujeito seu lugar fica confuso, sente-se como se o mundo criado impusesse sua lógica (a do lucro ou a do poder), sendo possível resistir apenas se houvesse um maior contato com a história e a comunidade.
Esse contato entre indivíduos na comunidade visando democracia é defendido também por Robert W. McChesney, que vê nas corporações, grupos comunitários, e organizações e instituições não mercantis de um modo geral, como meios para os cidadãos se comunicarem e interagirem com seus governantes, porém os princípios excludentes do neoliberalismo (ideologia da globalização) fazem essa consciência comunitária morrer e resta uma sociedade atomizada de indivíduos desengajados e que sentem-se socialmente impotentes.
Outro autor que também vê o cidadão como consumidor num mundo globalizado é Octavio Ianni, para ele o desenrolar do capitalismo (weberiano) acabou secularizando-se, porém a visão de trabalho acabou alterando-se, o que era visto como vocação e seu fruto como recompensa tornou-se meio para o hedonismo encontrado no consumo. Inseridos nessa realidade multidões confundem seus direitos de consumidores com cidadania, originado uma sociabilidade consumista.
Sem perspectiva de vida política eficaz e o mundo ao seu redor conclamando-o a consumir o cidadão busca a satisfação consumista, busca esta, interminável, prendendo-o assim num ciclo de egoísmo em que ele volta-se cada vez mais para si. Esse egoísmo vem