benjamin constant
O que os cidadãos pediam não era participação direta no governo, mas que o governo -ou o Estado em geral- os deixasse em paz, os livrasse das restrições à liberdade civil de trabalhar e ganhar dinheiro. Pediam uma liberdade negativa. O cuidado dos negócios públicos, os modernos o deixavam nas mãos de representantes que para isto escolhiam em eleições a que cada vez maior número de cidadãos e cidadãs era admitido. Acoplada à liberdade negativa dos modernos, nascia, na formulação de Benjamin Constant, a democracia representativa, exercida indiretamente pelos cidadãos.
Em artigo anterior ("Boliche solitário", publicado no Mais! de 28/03/1999), discuti a onda de apatia social e política que, segundo alguns analistas, estaria invadindo os Estados Unidos nos últimos anos. Tal apatia se manifestaria na queda dos índices de participação política, representada pelo voto, e dos índices de envolvimento em associações voluntárias de todo tipo. Houve várias contestações a essa visão pessimista, algumas negando a validade dos dados ou a dimensão do fenômeno, outras discordando de sua interpretação. Comento aqui apenas as últimas.
Alguns de seus porta-vozes admitem a existência da apatia e da perda de confiança no governo. Mas contestam que elas sejam necessariamente um mal. Poderiam ser mesmo interpretadas como sintoma positivo. Refletiriam o fato de que