Análise Soneto de Fidelidade

APRESENTAÇÃO DO POEMA

Soneto de Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
(Antologia poética. Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, p. 112)
ANÁLISE

Ao observar o poema “Soneto de Fidelidade”, escrito por Vinicius de Moraes, é possível destacar diversos aspectos para a constituição de uma análise mais profunda, a começar pela forma do poema a qual é composta por quatro estrofes, sendo as duas primeiras constituídas por quatro versos (quartetos) e as duas últimas por três versos (tercetos). Essa disposição é chamada de soneto, mais especificamente, soneto italiano, por dispor essa distribuição de versos. ¹
O poema dispõe de vários recursos capazes de definir sua sonoridade, já que “todo poema é basicamente uma estrutura sonora”². Entre eles encontram-se rimas, metrificação e ritmo, além de outros que serão estudados mais profundamente a seguir.
Quanto à rima, definida por “igualdade ou semelhança de sons na terminação das palavras”³ podemos concluir que no poema estudado elas são externas, ou seja, localizam-se sempre ao final de cada verso e respeitam a ordem abba nos dois primeiros quartetos e são enlaçadas porque “rimam em parelha dois versos entre dois outros também rimados”⁴ Já nos dois tercetos finais há uma alternância cde e edc. “A função principal da rima é criar a recorrência do som de modo marcante, estabelecendo uma sonoridade contínua e nitidamente perceptível no poema”⁵.
Ao analisar a pontuação utilizada pelo poeta, nota-se que