Análise Poema Bilac
Análise do poema “Nel Mezzo del Camin...”, de Olavo Bilac.
O poeta Olavo Bilac é um dos maiores representantes do Parnasianismo no Brasil. Essa escola literária nasceu na França por volta de 1850 e tinha como principais características o positivismo e cientificismo da época, o que estava em oposição ao pensamento do Romantismo. Contudo, Bilac também está filiado de certa forma ao Romantismo, uma vez que apresenta uma sensibilidade muito próxima ao subjetivismo romântico.
O ardor amoroso do poeta, no entanto, parece ter-se restringido ao tom inflamado de alguns de seus versos: ele nunca constituiu família, chegou só ao fim de seus dias. Acredita-se que a solidão do poeta é fruto de seu amor impossível com Amélia de Oliveira, irmã do poeta Alberto de Oliveira. Eles chegaram a ficar noivos, mas o compromisso foi desfeito por oposição de outro irmão da moça, desconfiado de que Bilac era um homem sem futuro. O noivado dos dois foi de novembro de 1887 a maio de 1888, ano em que é publicado o volume Poesias. A obra contém, entre muitos livros, Sarça de Fogo, onde se encontra o poema “Nel Mezzo del Camin...”, do qual iremos tratar a seguir.
Podemos constatar, assim que iniciamos a leitura do soneto de Bilac, a intertextualidade deste com a abertura do Livro do Inferno, a primeira parte de A divina comedia, obra-prima do italiano Dante Alighieri. No poema, Dante retrata o caminho ardiloso que o eu-lírico enfrenta em busca de sua amada e da revelação divina e verdadeira sobre a vida. Esse duro caminho é a principal inspiração para Bilac, que utiliza parte do primeiro verso de Alighieri para intitular o seu soneto.
Vejamos a seguir, um fragmento do Livro do Inferno, d’A divina comedia:
“Nel mezzo del camin de nostra vita mi retrova por una selva oscura: ché la viritta via era smaritta.”
Tradução de Ítalo Mauro:
“A meio do caminho de nossa vida fui me encontrar numa selva escura: estava a reta a minha vida perdida.”
É imediata, também, a percepção do