o famigerado e desconhecido olavo bilac
“Nem sempre o homem pode mudar de profissão como as serpentes mudam de pele. Quem uma vez foi jornalista, há de morrer jornalista”. (BILAC, 1907).
Uma frase um tanto quanto estranha para alguém que ficou conhecido como o maior poeta parnasiano brasileiro e segundo Bosi (1994), “ o mais antológico dos poetas”.
Bilac, além de poeta, foi jornalista, frequentador das rodas boêmias, conferencista, tradutor, patriota e defensor do serviço militar obrigatório, sendo duramente criticado por isso, mesmo acusado de "vendido" e "assalariado", Bilac lutou com grande entusiasmo, não apenas por cumprir um compromisso assumido, mas por acreditar ser essa a única maneira de tornar o Brasil um país alfabetizado.
Autor do poema Língua Portuguesa e do Hino a Bandeira, talvez as únicas obras conhecidas e lembradas pelos estudantes.
Bilac compôs uma obra fortemente influenciada pelo parnasianismo francês, que pregava o virtuosismo formal (que é a escolha eficaz do vocábulo), a arte pela arte, a técnica perfeita e a rima rara.
Foi idolatrado em vida e praticamente esquecido na posteridade, aclamado como “o príncipe dos poetas” do final do século XIX. E ponto.
Entretanto, segundo Dimas (1983):
[...] de um lado, o esteta, atento sempre à perfeição e à simetria harmoniosa das formas [...] e de outro, o jornalista empenhado em discutir, dentro de certas limitações e distorções pessoais e temporais, a realidade do país que vivia.
Olavo Bilac escreveu durante 20 anos para a imprensa, seja em pequenos jornais, grandes folhas ou revistas. O poeta, que se considerava um ourives das palavras, mostra-se, também, ourives das notícias e das sátiras.
Afinal, de qual Bilac estamos tratando? O poeta das estrelas? Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras? O jovem sem papas na língua que é preso e exilado? O cronista dinâmico e atual? O escritor de poemas patrióticos? O poeta que fazia campanhas cívicas pela instrução