Análise Blow Up
O filme conta a história de um fotógrafo profissional, que parece viver constantemente perseguido por um sentimento de profunda insatisfação com o que vê a seu redor, como se a capacidade de não só capturar a realidade, mas também de alterá-lá para a fotografia não lhe provocassem emoção por mais de alguns segundos, assim como a guitarra, a hélice, o cartaz. Ele está entediado com seu trabalho como fotógrafo de moda, mas todo o resto também tem uma importância muito efêmera em sua vida. Ver, para ele, parece ter perdido o sentido, o real perdido a graça. Atentando bem percebemos que ele olha para tudo, mas quase não enxerga. Sua reação de fotografar é mecânica, não uma troca entre ele e o mundo exterior através da câmera. Quando ele diz que "não há nada demais em mulheres lindas. Você olha para elas e só", ele estende essa opinião desapegada a todo o resto, com a exceção de uma única coisa: o quadro pintado por seu vizinho que, não por acaso, é um quadro abstrato. A abstração, a individualidade e a indefinição parecem ser o que ele mais busca. Algo que vá além da fotografia, que não possa ser capturado ou reproduzido. Procura isso no inexplicável cadáver do qual, a princípio, é apenas uma mancha que se torna pouco mais nítida com as ampliações, e que, ao final, permanece um mistério. Thomas busca por um mundo além do que é visto. O que acaba por encontrar é pantomima, talvez o mais próximo que ele chega desse mundo: não há nada para fotografar, mas podemos ouvir o som do jogo de tênis. O gesto de fotografar Toda cena no parque, assim como o que ela desencadeia, é um emaranhado de perguntas. Ao se deparar com o suposto casal no parque, nosso protagonista saca sua câmara. Segundo Flusser, ao observar os gestos de um fotógrafo munido de aparelho, estará observando o movimento de caça. E é isso que testemunhamos nessa sequência, onde ele segue sua presa, manipulando o aparelho, à