Análise do poema nevoeiro
Localização na obra
O poema “Nevoeiro” é o último poema da Mensagem. Enquadra-se na terceira parte do livro, dedicada ao Encoberto e vem no seguimento dos outros poemas da secção “Os Tempos”. Ao longo desta série de cinco poemas Pessoa descreve, metaforicamente, desde um passado remoto a um futuro ainda sem data, a evolução de Portugal.
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, Define com perfil e ser Este fulgor baço da terra Que é Portugal a entristecerBrilho sem luz e sem arder, Como o que o fogo-fátuo encerra. Ninguém sabe que coisa quer. Ninguém conhece que alma tem, Nem o que é mal nem o que é bem. (Que ânsia distante perto chora?) Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Portugal, hoje és nevoeiro... É a Hora! Verso Solto Valete, Frates.
Sextilha
• Métrica: Versos octossilábicos
• Esquema Rimático: ABABBA/BCCDEEE/D • Rima: -cruzada; - emparelhada; - interpolada
Sétima
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, Define com perfil e ser Este fulgor baço da terra Que é Portugal a entristecer-
Portugal está, para Pessoa, num estado letárgico, indefinido, como um manto de nevoeiro. É uma “crise de identidade” tão profunda, tão sedimentada, que não haverá nenhuma mudança pelo governo dos homens. Nem a guerra – mudança das mudanças – poderá demover Portugal do seu triste estado.
Brilho sem luz e sem arder, Como o que o fogo-fátuo encerra.
Como um “brilho sem luz”, Portugal vive, mas é uma vida triste e inconsequente, sem destino.
Ninguém sabe que coisa quer. Ninguém conhece que alma tem, Nem o que é