Ver Claro
Bibliografia de Eugénio de
Andrade
O poeta nasceu na freguesia de Póvoa de Atalaia (Fundão) em 19 de Janeiro de 1923.
Fixou-se em Lisboa aos dez anos.
Frequentou o Liceu Passos Manuel e a Escola Técnica Machado de Castro, tendo escrito os seus primeiros poemas em 1936, o primeiro dos quais, intitulado Narciso, publicou três anos mais tarde.
Em 1947 ingressou na função pública, como funcionário dos Serviços MédicoSociais, e em 1950 fixou residência no Porto. Manteve sempre uma postura de independência relativamente aos vários movimentos literários com que a sua obra coexistiu ao longo de mais de 50 anos de atividade poética.
Revelando-se em 1948, com As Mãos e os Frutos, a que se seguiria, em 1950, Os
Amantes sem Dinheiro.
Recebeu ao longo da sua vida vários prémios como, Pen Clube (1986), entre muitos outros. Em 1991, foi criada na cidade do Porto a Fundação Eugénio de Andrade
E faleceu a 13 de junho de 2005, no Porto.
Poema
VER CLARO
Toda a poesia é luminosa, até a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes, em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar outra vez e outra vez e outra vez a essas sílabas acesas ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
EUGÉNIO DE ANDRADE,
Os Sulcos da Sede
Estrutura Externa do
Poema
Contem 11 versos
Hendecassílabos
Esquema rimático:
B
C
D
E
F
G
H
I
F
Rima Interpolada
Análise do Poema
Toda a poesia é luminosa, até a mais obscura.
A poesia é luminosa como a luz que ilumina o ser humano, o sol, então o poeta sem os versos e as estrofes não existe, assim como o ser humano sem o sol não consegue viver.
E a poesia obscura é aquela poesia que é difícil de entender e que só algumas pessoas são capazes de a entender.
O leitor é que tem às vezes, em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
O sujeito poético está a referir-se que, o leitor tem nevoeiro dentro de si porque não quer ler.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
É como se