Análise do Filme Pro Dia Nascer Feliz
Podemos fazer a co-relação do texto “A Escola e o Conhecimento” de Cortella (2006, p. 133) quando o autor traz a “ideia de que a função da Escola é a de reprodutora da desigualdade social [...] a Sociedade impregnada de diferenças garantidas, por um Poder comprometido, a relação da Escola com ela é a de ser um aparelho ideológico do Estado, destinado a perpetuar o “sistema””. E no final do filme, Jardim faz uma breve retomada e conta um pouco sobre a trajetória dos atores destacados no documentário após alguns anos de trajetória: a aluna da escola pública abandona a poesia e os escritos, terminando como dobradora de roupas, enquanto a aluna do Santa Cruz figura como ingressante em engenharia na USP. Em sua entrevista nas gravações do documentário, a aluna tenta aludir uma preocupação com os pobres ao mesmo tempo em que não pode se mobilizar em prol de uma melhoria social porque isso implicaria abandonar sua rotina que inclui natação, yoga entre outras atividades que complementam sua exaustiva agenda. Relata que tem sorte por ter nascido numa família de classe alta e precisa cuidar de seus interesses. Pressupõe que seu bem-estar não está umbilicalmente ligado à miserabilidade de tantos outros.
O menino repetente e indisciplinado de Duque de Caxias, RJ, faz carreira no exército. A poetiza, lírica e sonhadora menina de Pernambuco faz curso normal para tornar-se professora; a de São Paulo, fugida da escola por ameaças de agressão, embala um filho em seus braços acalentando o sonho em ser professora.
Um grave problema do filme é seu esforço em não culpabilizar os dirigentes pelas condições da escola pública. Embora mostre alguns números, como a quantidade de colégios sem banheiros no país (13,7 mil), sem água (1,9 mil), alto índice de abandono até a 8ª série (41%), e o fato de metade dos alunos do fundamental não saberem escrever corretamente, a abordagem oculta culpados.
Dessa forma, o filme alimenta