Análise do filme "Ilha das Flores"
Layla Damacena de Sousa
O curta-metragem dirigido por Jorge Furtado, Ilha das Flores, foi produzido em 1989. O curta conta a trajetória de um tomate, desde o seu plantio até que se torne lixo relacionando com alguns acontecimentos históricos, principalmente aqueles ligados às questões sociais, ambientais e humanísticas. O filme ganhou vários prémios, entre eles: Melhor curta, Roteiro, Montagem e Prêmio da Crítica, Gramado 89, Urso de Prata, Berlim 90.
O filme mostra a realidade dos moradores de Ilha das flores e a triste condição de vida daquelas pessoa e também faz críticas a religiosidade, aspectos políticos, econômicos e sociais. O tom irônico presente no filme ao falar da ideia de superioridade humana se evidencia quando o texto insiste em falar que o que diferencia o ser humano dos outros seres é o "telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor", o que apesar disso, não nos livra de sermos vítimas de uma sociedade embasada no consumismo, na lei da oferta e da procura, objetivando sempre o lucro.
O documentário em questão discute também o processo de exploração do homem pelo capital, enfatizando a partir do processo agrícola o desenvolvimento do excedente e das forças produtivas, com a plantação de tomate o produto e a sua utilização como mercadoria, possuindo assim valor de uso e valor de troca, abastecendo e contribuindo para a reprodução do capitalismo.
Um dos fatores importante demonstrado no documentário é que a terra deixa de ser fonte única de subsistência, transferindo para o mercado as “melhores e mais variadas” opções de consumo, surgindo assim a divisão do trabalho. Onde o trabalho passa a ser considerado um processo social, uma expressão econômica adquirindo vários processos que consolidaram a exploração do trabalhador.
O documentário exemplifica isso com a plantação de tomate, a vendedora de perfumes, o tomate que era plantado apenas para consumo passa a ocupar um lugar no mercado com valor de troca e até mesmo a mão