Análise do desenho

1. Introdução

Este trabalho teve como objetivo principal a coleta desenhos livres de três crianças, com idades entre 6 e 14 anos, para compreender o desenvolvimento do pensamento infantil por meio da representação gráfica em uma perspectiva psicogenética. Além de propiciar esta compreensão, a pesquisa também possibilitou ao grupo o contato com a instituição escolhida para a coleta de dados e a interação com os sujeitos pesquisados. Segundo Florence Méredieu, o desenho infantil torna-se objeto de interesse desde o fim do século XIX, e esse novo foco de estudo está em consonância com a importância que a criança ganha aos olhos da Pedagogia, da Psicologia e da Sociologia, (...) no momento atual, os estudos sobre o desenho beneficiam-se da contribuição – considerável em psicologia infantil – da obra de Piaget, e prosseguem no sentido de uma elucidação dos mecanismos da expressão infantil (...) (MÉREDIEU, 1974). Jean Piaget, ao comentar as pesquisas de G. Luquet sobre o desenho infantil, expõe que, antes destes estudos, havia duas opiniões contrárias sobre as produções infantis,
(...) uns admitiam que os primeiros desenhos de crianças são essencialmente realistas visto que se limitam a modelos efetivos sem desenhos de imaginação até muito tarde; outros insistiam, pelo contrário, na idealização que revelam os desenhos primitivos. (...) (PIAGET; INHELDER, 1974, p.56-57)

O desenho adquire uma função semiótica, inscrita entre o jogo simbólico e a imagem mental, que imita o real (Idem, 1974, p. 56). As pesquisas de G. Luquet, segundo relatam Piaget e Inhelder no livro A Psicologia da Criança, propõem estádios e interpretações que organizam o desenho infantil em diferentes fases: Realismo Fortuito; Realismo Gorado (ou fracassado); Realismo Intelectual e Realismo Visual (PIAGET; INHELDER, 1974, p. 57). Para Ana Angélica Albano Moreira, o desenho além de fomentar um espaço de jogo e de criação lúdica para a criança, é também a sua primeira escrita, (...) a