Análise de Pedro Pedreiro

Análise Estilística da Música Pedro Pedreiro – Chico Buarque

Na construção do texto, o autor utiliza vários recursos estilísticos, onde o recurso fonológico é o mais aparente. Ele usa intensamente a aliteração em /p/, que ocorre em quase todo o texto, enfatizando o tema que sugere espera, devido a repetição constante do verso: “Pedro pedreiro penseiro esperando...”. Enfatiza nessa repetição os efeitos rítmicos, deixando a música ainda mais rica. Ocorrem também as assonâncias: “parece carece de esperar; bem de quem tem bem de quem não tem vintém”. Assonâncias em /e/, presença de rimas e sequência de onomatopéia que lembra o barulho de uma locomotiva: “que já vem, que já vem”. Com a utilização desses recursos é evidente o processo de alienação do sujeito. Através da anunciação repetitiva do trem. A confirmação de que a máquina se sobresai ao homem, ou seja, ela é mais forte, onde o sistema é repressor. Chico Buarque lança a crítica social à época, sendo solidário aos trabalhadores que sofrem e são explorados em nosso país.
Os recursos sintáticos aparecem em anáfora, onde há a repetição de palavras no início dos versos: “Esperando o sol, esperando o trem, esperando o aumento para o mês que vem”. A partir dessa repetição estrutural, há o paralelismo sintático, que contribui para o surgimento do ritmo do texto, afirmando a mesmice a que se expõe Pedro Pedreiro e atua como elemento de coesão textual.O tema central da música é Pedro Pedreiro, nos alertando para a realidade de um brasileiro que espera o trem, que enfim já vem, e o trem chega e não muda nada.
No campo da morfologia, ocorre neologismo, onde penseiro origina-se do verbo pensar. Salienta-se que o sobrenome pedreiro vem diretamente do nome Pedro, tem origem morfológica na palavra pedra, algo imóvel, fixo. Esse significado ratifica o significado da espera angustiante de Pedro, sem possibilidade de se mover, ficando parado.
A letra da música traz a desumanização evidente, onde o trabalhador é introduzido.