Psicologia Comunitária X Assistencialismo 1
v.21, n.1, Brasília, mar.-2001
Psicologia comunitária X assistencialismo: possibilidades e limites
Tatiana Ramminger*
Secretaria da Saúde do Estado do RS
RESUMO
No presente artigo procuro questionar os objetivos e resultados do "assistencialismo" e o quanto isto acaba atravessando e, até mesmo, determinando comportamentos da equipe de trabalho e dos usuários das Instituições. Ressalto, ainda, a importância da psicologia nestas práticas como um lugar privilegiado de escuta - lugar que infelizmente continua vago, esperando.
Palavras-chave: Psicologia social, Psicologia comunitária, Assistência social.
ABSTRACT
In the present article I try to question the objectives and results of the "assistencialismo" and how this determining behaviors of the work team and of the users of the Institutions. I stand out, still, the importance of the psychology in these practices as a privileged place of he/she listens - place that unhappily continues vague, waiting.
Keywords: Social psychology, Community psychology, Social attendance.
Já que as palavras não podem dar conta da experiência, como bem já nos alertava Clarice Lispector, minha escrita aparece como tentativa de criar ponte, passagem, para acontecimentos.
O acontecimento é exatamente aquilo de inesperado e imprevisível que (ir)rompe em nossas vidas, desmanchando nossa conhecida trama de representações. Uma crise, uma ruptura de existência, que chama a integração do acontecimento. Integrar o acontecimento é "traduzi-lo", fazê-lo transitar de um início caótico, onde apresenta-se como signo vazio, sem significado, até a construção de um sentido possível.
A partir de uma experiência de estágio em Psicologia Comunitária1 , espero esboçar um território que possa acolher este incômodo, este desconforto que me acompanhou por todo estágio. Incômodo por ver de perto tanta miséria, e a maneira que insistimos em lidar com ela. Miséria, Miséria em Qualquer Canto
Temos que salvá-los. Salvá-los da