Análise de morte e vida severina
Profa. Dra. Ude Baldan
“Análise da Obra Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto”
Bibliografia:
MELO NETO, J.C. Morte e Vida Severina e outros poemas em voz alta. 23. ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1987.
Morte e Vida Severina se constitui de uma estrutura dramática, o que a aproxima das obras medievais denominadas autos. Devido a este motivo João Cabral de Melo Neto classifica a peça como um “auto de natal pernambucano”, que também serve como subtítulo e classificação. Essa classificação é precisa por seu caráter também regionalista. Morte e Vida Severina apresenta múltiplos traços estilísticos que a tornam híbrida, não permitindo um estudo voltado para um gênero literário absoluto. Pode-se encontrar na obra, traços estilísticos do gênero épico, e pode-se também encontrar aspectos líricos que se apresentam tanto no conteúdo, quanto na forma. De outro lado, esse texto apresenta uma interligação profunda entre o enredo, os personagens, o tempo e o ambiente. Tais elementos se apresentam de tal maneira indissociáveis, que ao analisar-se um, naturalmente, faz-se referência aos demais, pois quando se trata do enredo, trata-se, simultaneamente, das personagens, da vida que vivem, traçada dentro de uma duração temporal e num determinado ambiente. Todos esses elementos são próprios dos gêneros dramático e épico. Há, portanto, um núcleo comum entre o romance e a peça de teatro. Ambos “narram” fatos possíveis de acontecer em algum espaço e num determinado tempo. Porém o que, definitivamente, os distingue é a personagem. No romance, a personagem é um elemento entre vários outros, sendo normalmente apresentada ao leitor através de um narrador que aparece enquanto mediador. No teatro, o mundo aparece emancipado e a personagem constitui quase que a totalidade da obra. É o que ocorre em Morte e Vida Severina, visto que Severino é aquele através do qual o leitor toma conhecimento dos fatos, mesmo