Análise de cenas de “corações e mentes”
Ganhador do Oscar como melhor documentário de 1975, Peter Davis, produz o documentário com a guerra ainda em andamento, (Guerra do Vietnã; 1964 -1975), constrói duas narrativas, a do vencedor e a do vencido. Confrontando ideais e discursos, dos dois lados da guerra. Não possui um narrador, mesmo que em certos momentos o diretor pareça estar narrado, ou uma ordem cronológica, ele apenas junta as entrevistas, com filmes, imagens e mídia da época, agrupando-os por idéias, sejam elas opostas ou não. Essa construção de uma narrativa sem narrador, é dividida em tópicos. Davis passa por todos os momentos da guerra, desde o seu estopim, até as suas conseqüências, passando pelos conflitos pessoais da guerra, seja de soldados, de americanos, ou vietnamitas. Porém, o documentário passa a sensação de ser narrado pelas oposições existentes, enquanto ele vai construindo uma narrativa com uma entrevista, logo ele arranja um jeito de mostrar a oposição daquela entrevista, seja com outra entrevista, imagem, música ou filme de época. Para a produção deste documentário, Peter Davis contou com 200 horas filmadas entre os anos de 1972 e 1973, o material coletado varia, desde o conflito até festas da burguesia vietnamita, passando por depoimentos de ambos os lados e imagens de execuções, o Documentário tem duração de 112 minutos, enquanto vai montando esse “quebra cabeça”, faz com que o espectador vá refletindo sobre a guerra. Davis, ainda conta com o diretor de fotografia Richard Pearce, que é impecável em seu trabalho, e o resultado estético do filme, fica sensível até mesmo para os mais desatentos. O que mais impressiona neste documentário é a precisão da construção da sua narrativa, visivelmente com poucos recursos tecnológicos, Davis constrói o documentário através de muita pesquisa de imagens de época, colocando a sua opinião de forma sutil, e mesmo com um assunto tão pesado e delicado, consegue de forma sutil passar a emoção que quer