Resenha do filme Corações e Mentes - Peter Davis
Raphael Arlon da Silva Barbosa
Vencedor do Oscar na categoria Documentário, no ano de 1975 (produzido em 1974, mas lançado apenas no ano seguinte por medo de represálias conta a distribuidora), o filme traça um panorama crítico em diversos aspectos da Guerra de Vietnã. Produzido ainda durante o conflito, mostra
“o outro lado”, o lado vietnamita de dor e sofrimento, relatando os efeitos desastrosos da guerra para esse país. Uma produção anti-guerra, que não segue uma ordem cronológica e não possui um narrador.
Tudo é descrito através de imagens que falam por si e pela reunião de diversos depoimentos, desde entrevistas a discursos transmitidos pela televisão.
Em vários momentos, o filme deixa claro que o objetivo da guerra era, segundo os interlocutores americanos, o combate ao comunismo. Logo no início, numa entrevista com Clarck
Clifford, acessor do presidente Truman, ele narra que os Estados Unidos saíram da Segunda Guerra
Mundial como a maior potência do mundo, em aspectos bélicos e econômicos, o que na prática despertou um sentimento de que seria possível controlar o mundo, através de um senso de poder mundial. Aos poucos são explicitadas algumas motivações do conflito, como o interesse na manutenção do acesso ao titânio e ao tungstênio, presentes na região da Indochina – área que engloba Vietnã, Laos e
Camboja – e, obvimente, de grande interesse estadunidense. Mais tarde, em uma entrevista, o mesmo
Clifford se mostra profundamente enganado e arrependido do país ter participado da guerra.
Merece grande destaque o espaço que o filme dá à manipulação, forçando um tendencialismo na população a repudiar de todas as maneiras o comunismo. Exemplo disso são os filmes promovidos pelo governo onde é mostrada uma sociedade hipoteticamente “contaminada” com o comunismo e suas catastróficas consequências. Em algumas passagens, são mostradas pessoas que voltaram da guerra e,
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