Análise da implantação da imprensa no Brasil
Stella Marjory
No quinto capítulo de seu livro Teoria do jornalismo: identidades brasileiras, José Marques de Melo apresenta as principais causas da implantação tardia de uma imprensa no Brasil. E não é difícil compreendê-lo. O Brasil sempre se viu atrasado em relação a outros países. Independência, progresso, urbanização, e com a imprensa não poderia ser diferente. Muitos costumam dizer que a principal causa do retardamento da imprensa é o modelo de política estabelecido pelos portugueses. Ao propor uma nova tese, o autor cria um novo caminho de pensamento. Para ele, os fatores socioculturais foram os principais a atrasar o processo.
A partir desse pensamento, basta analisar a estrutura da sociedade brasileira naquela época. A divisão entrepobres e ricos era evidente. Os que não tinham poder aquisitivo não tinham acesso a educação, saúde, moradia e não eram tratados como cidadãos legítimos. Além disso, o Brasil demorou a se urbanizar e ter um comércio consolidado.
O autor cita as primeiras tentativas de implantação da imprensa ainda na época da colônia. Porém nenhuma delas encontrou pilares de sustentação. Isso mostra que o Brasil não ofereceu incentivos para estimular o crescimento do país.
Foi preciso a Corte portuguesa se transferir para o Brasil para finalmente uma imprensa ser instalada. Precária e totalmente controlada, a imprensa atenderia apenas aos anseios da Corte. As publicações eram feitas pela elite e para a elite. O proletariado ficaria excluído desse processo assim como ficou de muitos outros.
Como a maioria já sabe, a proclamação da Independência não alterou a estrutura socioeconômica brasileira. Demorou 30 anos para a imprensa se expandir por todo território do país. Os primeiros veículos de comunicação eram ligados diretamente ao governo ou submetidos a ele. Os jornais simpáticos ao Estado recebiam verbas publicitárias fartas e conseguiam com facilidade empréstimos em bancos oficiais. Já os de