Análise Comparativa O Cortiço, Aluísio Azevedo Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis
Ao ser lançado em 1890, O Cortiço teve boa recepção da crítica, chegando a alcançar escritores do nível de Machado de Assis. Isso aconteceu pelo fato de Aluísio de Azevedo estar mais em sintonia com a doutrina naturalista. O livro é composto de 23 capítulos, que relatam a vida em uma habitação coletiva de pessoas pobres (cortiço) na cidade do Rio de Janeiro.
O romance tornou-se peça-chave para o melhor entendimento do Brasil do século XIX. Como obra literária, não pode ser entendida como um documento histórico da época, mas não há como ignorar que a ideologia e as relações sociais representadas de modo fictício em O Cortiço estavam muito presentes no país. Tendo como cenário uma habitação coletiva, o romance difunde as teses naturalistas, que explicam o comportamento dos personagens com base na influência do meio, da raça e do momento histórico.
Já em Memórias Póstumas de Brás Cubas, publicado em 1881, aborda as experiências de um filho abastado da elite brasileira do século XIX (Brás Cubas). Começa pela sua morte, descreve a cena do enterro, dos delírios antes de morrer, até retornar a sua infância, quando a narrativa segue de forma mais ou menos linear, interrompida apenas por comentários digressivos do narrador. Ao criar um narrador que resolve contar sua vida depois de morto, Machado de Assis muda radicalmente o panorama da literatura brasileira, além de expor de forma irônica os privilégios da elite da época.
Desenvolvimento
Em O Cortiço, o tempo é trabalhado de maneira linear, com início, meio e desfecho da narrativa. A história acontece no Rio de Janeiro, século XIX. São dois espaços explorados na obra. O primeiro é o cortiço, amontoado de casebres mal-arranjados, onde os pobres vivem. Já no segundo, é o sobrado aristocratizante do comerciante Miranda e de sua família, que representa a burguesia ascendente do século XIX.
A obra é narrada em terceira pessoa, com narrador tendo