ANTROPOLOGIA
Ruben George Oliven
I
D urante m uito tem po, a A ntropologia no
Brasil m anteve um status relativam ente baixo q uando com parado ao das outras
Ciências Sociais. D o mesmo m odo, os estu dos sobre a cultura de diferentes classes sociais brasileiras ocupavam um papel secundário. C om parada a outros tem as, a questão cultural parece ter estado até há pouco relegada a um plano de m enor des taque. Q uando se observa a situação atual, cons tata-se que o panoram a alterou-se m uito. A questão cultural está na ordem do. dia e é discutida intensam ente quando se debate a construção de um Brasil dem ocrático e se analisa a participação popular nos destinos do País. A cham ada N ova República, inau gurada com o fim do ciclo m ilitar, criou inclusive u m M inistério da C ultura, e nos últim os anos a A ntropologia desfruta de um alto conceito, havendo quem a considere a ciência social hegem ônica no Brasil.
Como e p o r que se operou essa m udan ça? Explicar esse fenôm eno à luz das m odi ficações ocorridas na sociedade brasileira é o objetivo deste artigo.
II
A A ntropologia tem um a longa tradição n o Brasil (M elatti, 1984; Corrêa, 1988).
Como em outros países que não possuíam
74
colônias, ela encontrava sua razão de ser no estudo de sociedades indígenas de gru pos rurais e, eventualm ente, até de grupos urbanos identificados com as “cam adas menos favorecidas da população”. O objeto de estudo eram geralm ente os “ outros”, re tratados com o portadores de um a cultura diferente da nossa.
O s relatos de muitos dos antropólo gos brasileiros que fizeram esse iipo de estudo caracterizavam-se, freqüentem ente, p o r serem m uito descritivos e pouco preo cupados em relacionar os fenôm enos obser vados com fenômenos da mesma natureza que ocorriam no resto da sociedade. Este era o cam po de estudo dos sociólogos e cientistas políticos, seara fechada aos an tro
pólogos,