Antropologia
O PAPEL DA MÍDIA E DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE DO ALUNO JOVEM E ADULTO NEGRO: PONTO DE ENCONTRO E DESENCONTRO Elizabeth Maria da Silva1 Justificativa Na minha experiência como professora de Educação de Jovens e Adultos (EJA), em várias situações, presenciei momentos de auto-negação identitária (MUNANGA, 1999, FEREIRA, 2007). E essas atitudes vindas dos próprios alunos negros. Numa das situações quando em uma aula falei: “nós que somos negros”, uma aluna me pediu a fala e interrogou: “Professora! Por que a senhora esta me chamando de negra? “Eu não quero ser parecida com o que somente é comparado com o que não presta”! A partir dessa observação me veio a pergunta: Por que estes alunos negam a sua identidade racial, se a maioria tem características da raça negra? Com base neste questionamento e de pesquisas que já havia desenvolvido com o tema “A influência da mídia (telenovela) na Educação Escolar de Jovens e Adultos”2 e a “Representação do negro no jornal de Pernambuco: Uma análise crítica”3 decidi desenvolver a pesquisa em tela sobre o papel da mídia e da escola na construção da identidade do aluno jovem e adulto negro. O objetivo é identificar quais os elementos utilizados pela escola e pela mídia para lidar com as questões de raça, uma vez que estes são espaços de construção e desconstrução de identidades. Nesta pesquisa a escola tem um papel fundamental no que se refere à produção de identidades multidimensionais, especialmente de raça. Nesse sentido, nos associamos a Carvalho (2004) quando afirma a partir de um diálogo com Muchail (2005) que a Escola funciona através de um poder polimorfo que envolve operações de classificação, avaliação, recompensa, punição, estabelecimento de normas, produção de saberes, vigilância e registro de saberes e de geração de outros saberes, inclusive extracção de saberes de indivíduos e de elaboração de saberes sobre esses indivíduos (CARVALHO, 2004, p. 285). A mídia