ANTROPOLOGIA
Antropólogos têm se dedicado ao trabalho de campo na tentativa de desvendar a complexidade silenciosa, para nós, na qual muitos povos indígenas vivem. Os resultados dessas convivências foram transformados em textos, trazendo informações sobre cada uma dessas tribos e sobre seus universos profundos e intrincados.
Os textos selecionados citados neste presente ensaio foram escolhidos, pois trazem uma contribuição específica para esse desvendamento. Ao longo das leituras, notamos que algumas das características levantadas em determinados grupos - mantendo-se as devidas diferenças - podiam ser encontradas em outros grupos também, como peças de um mosaico, assim, noções como o perspectivismo ameríndio, corporalidade, multinaturalismo e xamanismo assumem uma finalidade aclaradora sobre a funcionalidade do corpo inserido nas concepções indígenas. De forma mais específica, o trabalho discute o que é “ver” como o indígena vê, estando ele centralizado na narrativa do mundo. O “objeto” principal que demonstra o ponto de vista do indígena é o corpo e seus padrões identitários. O que se pretende no todo do trabalho é a transformação constante pela qual as matérias visíveis e invisíveis passam, seja acumulando funções, seja pela mudança de suas naturezas, entendendo o papel fundamental que seu corpo exerce dentro de suas sociedades.
Embarcamos assim em uma perspectiva completamente outra, em que cada coisa e cada pessoa possuem múltiplas possibilidades de existência e de interação. Através da busca a fim de compreender o universo e o pensamento dos povos indígenas, colocamos inevitavelmente a grande cultura ocidental e os hábitos estabelecidos por esta, em reflexão e comparação, papel esse fundamental da antropologia, conhecendo o outro para nos percebermos enquanto sociedade e sujeito.
O perspectivismo e a corporalidade Ameríndia
A ideia de perspectivismo nos ajuda a entender a questão da corporalidade, ou seja, a relação entre natureza e